É estranho falar do que nos falta. Acontece que alguns arquivos do Álbum Palavra foram corrompidos, ou se corromperam. Tênue distância entre os dois fatos que permanece também no meio digital. O fato é que faltam alguns arquivos.

Porém, diferentemente do meio físico, quando os arquivos são corrompidos, percebe-se de imediato. A informação que eles poderiam conter simplesmente não aparece. Em nosso cotidiano, às vezes também corrompem nossos projetos, idéias e nem percebemos. Outras vezes, escolhemos que idéias queremos manter, reorientamos os projetos.

Recebemos no fim do ano passado uma notícia de que um projeto que envolvia o Álbum e muito mais havia sido aprovado para patrocínio em um fundo cultural. O simples fato de termos organizado o projeto já fez o trabalho tomar mais forma. A notícia, depois, contribuiu para esse caminho onde fomos organizando nossas ousadias.

No entanto, corromperam o financiamento e descobrimos que o fundo era mais raso do que tínhamos imaginado: não havia grana. Nesse caso, fomos corrompidos no trajeto que já tínhamos iniciado, planejando gravações, oficinas, saraus e outras atividades.

No caso dos arquivos, tratam-se da gravação na “versão dos compositores” de algumas músicas e de uma poesia do Álbum Palavra. Estamos sujeitos a isso. Ou a imaturidade na produção cultural fez com que não protegêssemos os objetos digitais como deveríamos. Mais uma vez, a questão: eles, os arquivos, foram corrompidos ou se corromperam?

Não importa muito, a não ser pelo cuidado que certamente irá aumentar no tratamento das “mídias”. Novas versões dos compositores – que pretendiam ser o primeiro registro da formatação já definida das músicas – serão providenciadas em breve. E é isso.

O mesmo cuidado fez que com republicássemos todo o Álbum em uma plataforma de publicação específica. Assim, detalhes também sutis deixaram o site mais limpo e funcional. Graças ao apoio de Renato Moll, que não se corrompe em sua dedicação!

No caso das pessoas que têm construído o projeto do Álbum, reorganizamos mais uma vez idéias, propostas, produções. E o caminho continua. Agora, com a volta das gravações que logo estarão disponíveis no site. E com um blog onde tentaremos registrar algumas perspectivas nossas e chaves de organização desse mundo virtual. Darei notícias dessas novidades. Agora já sabemos que o virtual também se corrompe. Nós, no entanto, continuamos no propósito de não nos corrompermos em nossa arte.

Aliás, a arte que realizamos tem por característica essa abertura ao imprevisto e às interações que a produção cultural nos proporciona. Mas isso é idéia para outro artigo. Se ela não se corromper até lá, prometo que escrevo!

Eros Trovador
Março de 2009